Sem saber o que era a hospitalidade, creio que a praticava desde a minha infância, porque estava sempre a partilhar alguma coisa que tinha com os meus irmãos mais novos e os meus primos.

Em agosto de 1986, quando me trouxeram para a Casa de Saúde de S. João de Deus, fui recebido de forma excelente pelo Ir. Santos Angulo e pelas Irmãs Ana Maria e Matilde. Foi então que comecei também a descobrir a vida de S. João de Deus. Agora, experimento pessoalmente o que significa ser destinatário da hospitalidade bem praticada, pois o meu espírito e o meu corpo enfraquecidos começam a ser confortados com esperança de vida.

Em janeiro de 1990 tive a certeza que Deus preparou o meu destino para fazer parte da Família hospitaleira: comecei a trabalhar nos serviços de secretaria e das consultas, uma área privilegiada para praticar a hospitalidade juntamente com religiosos e colaboradores, todos afinal orientados para um objetivo comum: assistir a pessoa doente, especialmente os desprotegidos, em todos os sentidos.

Desde a década de 1990 passaram vários anos, com novos avanços tecnológicos e uma organização globalizada: parece-me que se vai perdendo o valor da Hospitalidade, mesmo nas obras sociais; sinto-me incapaz de intervir para fazer algo, quando a maioria das pessoas se orienta no sentido dos bens pessoais; Mas não faltam também pessoas maravilhosas que vivem e praticam a hospitalidade!

No estado em que me encontro, com a saúde debilitada, continuarei a tentar praticar a hospitalidade, mesmo apenas oferecendo uma palavra de conforto, especialmente às pessoas necessitadas e que sofrem.